1798 - INÍCIO DA HISTÓRIA DAS COMUNICAÇÕES EM ANGOLA Pode afirmar-se que a história das comunicações em Angola começou em 1798, no tempo do Governador Geral da Colónia, António de Melo, com a emissão pelo reino de Portugal do alvará para o estabelecimento dos Correios e a publicação do seu regulamento. 1874-77 - LIGAÇÕES TELEGRÁFICAS COM PORTUGAL E REGULAMENTO DO SERVIÇO TELEGRÁFICO Outros marcos históricos foram dados em 16 de Abril de 1874, com o estabelecimento das ligações telegráficas com Portugal e a publicação do regulamento do serviço Telegráfico em Novembro de 1877. 1885 - ENCOMENDA DOS PRIMEIROS 50 TELEFONES PÚBLICOS Em 1885 foram encomendados os primeiros 50 telefones para uso público, e a partir daí a evolução das telecomunicações em Angola foi acompanhando o ritmo mundial. 1933 - 1.ª EMISSÃO DE RADIODIFUSÃO DE USO PÚBLICO A PARTIR DE BENGUELA De assinalar alguns sucessos de relevo, tal como o da 1ª emissão de radiodifusão de uso público a partir da cidade de Benguela em 1933, cerca de uma década após a pioneira BBC em Londres ter inaugurado o seu serviço (em 1922). 1975 - A INDEPENDÊNCIA E AS SUAS MUDANÇAS Na altura da sua independência, em Novembro de 1975, Angola possuía uma das redes de comunicações mais modernas da região. Até então, a definição das regas e exploração dos serviços era assegurado pelos CTTU – Correios, Telégrafos e Telefones do Ultramar. Nos anos que se seguiram à independência – e ainda na década de 70 – a exploração dos serviços de Correios foi separada dos de Telecomunicações. A definição de políticas e estabelecimento de normas e regulamentos passou a ser uma função da competência do então Ministério dos Transportes e Comunicações. Foi nessa época que foram criadas a ENCTA – Empresa Nacional de Correios e Telégrafos de Angola, a ENATEL – Empresa Nacional de Telecomunicações, responsável pelas telecomunicações domésticas, e a EPTEL – Empresa Pública de Telecomunicações, encarregada das telecomunicações internacionais. Ainda na década de 70, Angola aderiu a uma série de organizações intergovernamentais com destaque para a UIT – União Internacional de Telecomunicações. 1992 - CONSTITUIÇÃO DA ANGOLA-TELECOM Em 1992 foi constituída a actual Angola-Telecom, empresa empresa pública estatal surgida da fusão da EPTEL e da ENATEL. 1999 - CRIAÇÃO DO INACOM Posteriormente, em 1999, o Governo decidiu – no âmbito da delimitação das funções e competências políticas, reguladoras e operacionais inerentes ao processo de libertação do mercado e surgimento da consequente concorrência – criar o INACOM – Instituto Angolano das Comunicações, que derivou da antiga Direcção Nacional de Correios e Telecomunicações. INACOM é o órgão regulador das telecomunicações no país, sendo adstrito ao Ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação (anteriormente, Ministro dos Correios e Telecomunicações). No quadro das políticas definidas pelo Governo, o mercado das telecomunicações em Angola tem vindo a ser gradualmente aberto à concorrência. Relativamente ao serviço móvel celular de uso público, para além da Angola Telecom EP, que opera na norma AMPS/CDMA, em Luanda, Benguela e Cabinda, foi outorgada uma concessão para exploração deste serviço a uma sociedade privada denominada UNITEL SARL, funcionando com a tecnologia GSM. No domínio dos serviços de dados de uso público, existe já no mercado um Operador, a Multitel Lda., com capitais predominantemente privados. O INACOM já procedeu ao licenciamento de doze (12) provedores de Serviços de Internet, dos quais somente a Netangola, a Ebonet, a SNET e a MULTITEL estão no activo. Recentemente, foram apurados quatro novos provedores de serviços públicos de telecomunicações fixas. Estes contribuirão para aumentar a oferta de diversos serviços de telecomunicações, no quadro das reformas programadas, e numa perspectiva de contribuir para o progresso e bem-estar dos cidadãos, da economia e da sociedade. Nos últimos anos, face ao crescimento das necessidades das forças do mercado e dos cidadãos, não correspondido pelo incremento adequado da oferta de serviços de telecomunicações de uso público, registou-se um aumento do recurso à utilização de redes privativas a um ritmo acentuado. Na situação de monopólio, o Operador Incumbente não sentiu necessidade de apresentar uma postura dinâmica e eficaz, virada para a satisfação dos interesses e necessidades dos usurários. Uma análise sobre os indicadores de crescimento do serviço de telefonia pública nas décadas que se seguiram à independência de Angola elucida esta afirmação, não obstante a guerra ter tido algum peso na situação. |
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE USUÁRIOS (SERVIÇO FIXO) O processo de liberalização iniciado no sector e as reformas políticas em curso estão a inverter rapidamente o panorama das telecomunicações angolanas, como aliás se pode constatar através do exemplo da evolução dos serviços de telefonia móvel celular, antes e depois da entrada do primeiro operador com concorrente, em Abril de 2001. EVOLUÇÃO DO Nº DE USUÁRIOS DO SERVIÇO MÓVEL CELULAR Um dos maiores constrangimentos da realidade angolana actual está ligado às fortes carências registadas ao nível do ensino e da formação de quadros técnicos a todos os níveis. DISTORÇÃO DA PIRÂMIDE ESCOLAR O sistema nacional de educação e ensino apresenta graves debilidades e assimetrias, altamente comprometedoras para a prossecução da actividade das telecomunicações no futuro. COMPOSIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO DA ANGOLA TELECOM Neste contexto, desde 1989, o ITEL – Instituto Nacional de Telecomunicações, e ISUTIC-Instituto Superior para as Tecnologias de Informação e Comunicação, tem servido para colmatar parte das enormes carências existentes no sector no domínio das necessidades de quadros técnicos (nível médio e superior). Ciente da importância da cooperação no mundo actual, o INACOM tem dado uma grande atenção ao reforço das suas capacidades neste domínio. A sua perspectiva é a de poder tirar o maior proveito possível das acções de intercâmbio e troca de informação, e desenvolver competências através do estabelecimento de programa acordados com instituições congéneres e com organizações internacionais, a nível bilateral, regional e intergovernamental. Nesta perspectiva, para além do estreitamento dos contactos com as organizações de Telecomunicações a que o Estado de Angola aderiu (particularmente a União Internacional das Telecomunicações, na qualidade de organismo coordenador mundial das telecomunicações), o INACOM tem desenvolvido importantes acções conjuntas com o ICP – Instituto de Comunicações de Portugal (hoje, ANACOM – Autoridade Nacional das Comunicações), bem como com a ENATEL – Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil, e tem procurado assumir um papel muito activo no quadro dos países da CPLP. Recentemente, o INACOM passou a fazer parte da CRASA – Communications Regulator Association of Southern Africa, e da AICEP – Associação Internacional das Comunicações de Expressão Portuguesa (a associação dos operadores de correios e telecomunicações dos países e territórios de língua oficial Portuguesa), de onde espera obter também resultados que se consubstanciem em vantagens para o reforço da sua competência, prestígio e fortalecimento do seu desempenho. Para além dos benefícios directos que o processo de liberalização em curso trará a curto prazo, o Estado está a realizar, através da Angola Telecom (e por própria iniciativa desta), investimentos muito importantes no domínio das infra-estruturas e da melhoria dos serviços de telecomunicações de uso público, cujos efeitos se vão começar a sentir a curto prazo. Neste domínio, pode referenciar-se a instalação da rede multiserviços denominada DIGINET, que tem por objectivo a oferta integrada de diversos serviços, utilizando técnicas e tecnologias que permitem maiores larguras de banda nos acessos locais para empresas e instituições. No quadro dos grandes projectos é importante fazer referência ao programa que está a ser negociado no âmbito da cooperação com a República Popular da China, prevendo a ampliação e modernização da rede de transmissão doméstica. Este projecto inclui a construção de um backbone de fibra óptica ligando 160 municípios e localidades, criando corredores de telecomunicações ao longo dos principais eixos rodoviários e ferroviários, e viabilizando ligações de grande capacidade e qualidade com os países vizinhos. Destaque ainda para o Projecto do Cabo Submarino de Fibra óptica denominado SAT 3 /WASC - COLUMBOS - SAFE, que está em vias de entrar em serviço. A sua amarração em Luanda permitirá assegurar capacidades de transmissão 25 vezes superiores às actuais comunicações internacionais de voz e dados, com qualidade excelente. A instalação destes cabos está a ser estabelecida em regime de co-propriedade com os operadores dos países onde serão amarrados. O cabo "SAT 3/WASC” amarra a maioria dos países da costa ocidental africana entre a cidade do Cabo (África do Sul), até Dakar (Senegal) seguindo depois até à Europa, em Sesimbra (Portugal). O "SAFE” assegurará a conectividade da cidade do Cabo às Ilhas Maurícias e à Malásia. Através do "COLUMBOS III” será assegurada a ligação aos EUA e à Itália. Deste modo, desde 2002, Angola passou a estar ligada ao Mundo, com capacidades e performances bastante elevadas, que permitirão o estabelecimento de serviços de telecomunicações para múltiplos fins, incluindo o transporte de sinais de televisão e de radiodifusão sonora de alta qualidade e os acessos de alta velocidade aos provedores internacionais de Internet. Outros projectos estão em vias de iniciar contando com a cooperação do Japão e da Itália, e recursos e iniciativas locais, ligando o País e o Mundo. Consciente do seu lugar nesse contexto, o INACOM fará tudo ao seu alcance para contribuir na criação do potencial tecnológico necessário visando, através das comunicações, aproximar cada vez mais os angolanos, Angola e o Mundo, e viabilizar o progresso económico-social nos lugares mais remotos do território nacional. |